Crítica | Lego Batman: O Filme (The LEGO Batman Movie)

Muitos torceram o nariz quando um filme baseado nas peças de montar LEGO foi anunciado, porém Uma Aventura Lego (2014) surpreendeu ao trazer uma trama criativa, inteligente e com muitas referências a cultura pop. Um personagem em questão roubou a cena nesse filme: a versão em blocos do Batman. E graças ao sucesso da animação de 2014, um spin-off sobre a versão lego do cavaleiro das trevas foi anunciado e para alegria dos fãs o resultado final de Lego Batman: O Filme surpreende ao trabalhar muito bem questões relacionados ao psicológico de seu protagonista, tudo isso, claro, regado mais uma vez a um humor inteligente que deve agradar tanto o público infantil quanto os fãs de longa data do personagem.

Extremamente egocêntrico, Batman (Voz de Will Arnett) leva uma vida solitária como o herói de Gotham City. Apesar disto, ele curte bastante o posto de celebridade e o fato de sempre ser chamado pela polícia quando surge algum problema – que ele, inevitavelmente, resolve. Quando o comissário Gordon (Voz de Hector Elizondo) se aposenta, quem assume em seu lugar é sua filha Barbara Gordon (Voz de Rosario Dawson), que deseja implementar alguns métodos de eficiência de forma que a polícia não seja tão dependente do Batman. Paralelamente, o Coringa (Voz de Zach Galifianakis) elabora um plano contra o Homem-Morcego motivado pelo fato de que ele não o reconhece como seu maior arqui-inimigo.

O roteiro da animação é bastante eficiente e surpreende ao conseguir explorar e dissecar muito bem o seu protagonista, seja trabalhando a sua relação de amor e ódio com o Coringa, o que acaba rendendo ótimos momentos cômicos, como também o seu medo em formar uma família, trauma gerado devido a perda de seus pais em sua infância. Provavelmente nenhum outro filme do Batman, com exceção dos  longas da trilogia dirigida por Christopher Nolan, conseguiu fazer um estudo de personagem tão eficiente sobre o cavaleiro das trevas.

O roteiro também acerta na parte cômica, trazendo um humor inteligente e que sabe satirizar muito bem todo o lado sombrio de seu protagonista, que aliás faz questão de se vangloriar por seus feitos a quase todo momento. Os coadjuvantes também rendem ótimas tiradas cômicas, com o destaque indo para o “carente” Coringa e para o histérico Robin (Voz de Michael Cera). Trata-se de um texto que lança piadas para todo o lado, seja sobre a diversa galeria de vilões do Batman, sobre a própria DC Comics e até mesmo sobre o uso da tela preta no inicio de filmes, piada essa que já é feita logo na primeira cena do longa.

A trilha sonora , que aliás também é ironizada pelo protagonista, funciona muito bem e lembra bastante os tons épicos que vimos na trilogia de Christopher Nolan. A qualidade visual da animação é outro ponto positivo, valendo a destacar a ótima fluidez na movimentação dos personagens, no que diz respeito a esse quesito parece ter havido uma evolução em comparação com Uma Aventura Lego.

Há dois pontos que poderiam ter sido melhor trabalhados: a personagem Barbara Gordon, que não é muito bem desenvolvida pelo roteiro de modo que a mesma acaba se tornando a coadjuvante menos interessante do filme, e a participação da Liga da Justiça, que apesar de boa, é extremamente curta e dá a sensação de que uma ou duas cenas a mais com o grupo de super heróis poderia ter rendido ótimos momentos para o longa.

Lego Batman: O Filme surpreende ao explorar e desenvolver muito bem o seu protagonista em uma trama divertida, cheia de boas piadas e com ótimos personagens coadjuvantes. Trata-se de um trabalho que consegue entender toda a essência e a mitologia por trás do cavaleiro das trevas.

NOTA: 8,0

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